Cimentada ou não cimentada, cerâmica, metal, total ou parcial, nacional ou importada. Se você leitor já teve a indicação de cirurgia, sendo essa cirurgia a Prótese total de quadril, já ouviu falar um desses termos. Vou tentar explicar um pouco sobre cada tipo, suas vantagens e desvantagens. Espero poder ajudar.

A Artroplastia de Quadril, ou prótese de quadril, foi considerada a cirurgia do século passado, principalmente pelos seus bons resultados serem reproduzidos no mundo todo. Mas todo cirurgião de quadril usa o mesmo tipo de prótese?

Quando se fala Artroplastia total de quadril, assim como no desenho acima, significa que todas as “peças” do quadril serão trocadas. Uma parte que substitui o acetábulo, que tem a forma de uma meia esfera, e a outra parte que substitui a cabeça femoral, que consiste de uma haste na qual se acopla uma cabeça.

Não irei falar nesse artigo sobre as próteses parciais, pois as mesmas tem indicações muito restritas, principalmente nos casos de fraturas em pacientes muito idosos.

CIMENTADA OU NÃO CIMENTADA:

O cimento ortopédico é constituído de PMMA (Polimetilmetacrilato), um polímero que é biocompatível, e serve como um preenchedor de espaço. Ele fixa a prótese pois penetra nas trabéculas ósseas, que funcionam como uma colmeia, ao ser injetado em um estado líquido. Ao endurecer, ele faz a fixação definitiva da prótese. Técnica pouca utilizada na parte do acetábulo, e mais na parte femoral.

Já nas próteses não cimentadas, a fixação é feita através da impacção. Ao ser impactada dentro do fêmur, a haste femoral ou o acetábulo já “trava”, alcançando a estabilidade. Depois de 6 semanas, o osso reconhece a superfície que reveste a prótese, fazendo o que chamamos de osteointegração. Dessa vez, o osso que cresce nos poros do implante, fixando o mesmo. Método de eleição na parte acetabular.

Entre os dois tipos não há um melhor e um pior, mas é importante que o cirurgião tenha experiência com a técnica na qual esta utilizando. As próteses sem cimento de boa qualidade são mais caras, por isso, em alguns convênios, acaba-se utilizando mais as chamadas híbridas, sendo a parte femoral cimentada e a parte acetabular sem cimento, mesclando duas técnicas que apresentam bons resultados.

CERÂMICA OU METAL:

Quando falamos de tribologia, ou a ciência que estuda as superfícies de contato, não temos dúvidas que a cerâmica apresenta melhores resultados a longo prazo. Após a prótese ser fixada ao osso, uma cabeça esférica é acoplada na haste, e uma semiesfera é acoplada no acetábulo, sendo que essas duas partes que farão o movimento. Se a esfera fica atritando na semiesfera, quanto melhor a qualidade do material, mais duradoura será a prótese. Principais superfícies:

– Metal: utilizado somente na parte da cabeça

– Metal ceramizado: utilizada na cabeça também, é feita de metal porém com um banho de cerâmica. É chamada de Oxinium, sendo restrita a uma marca de prótese, porém com bons resultados a longo prazo.

– Cerâmica biolox delta: última versão da cerâmica, pode ser usada na cabeça ou no acetábulo. Tem o custo mais alto na sua versão completa, sendo que a cabeça de cerâmica é muito mais usada com o Polietileno

– Polietileno convencional: plástico específico que é utilizado na parte acetabular, sendo uma meia esfera. Como sua durabilidade é baixa, está cada vez mais em desuso.

– Polietileno crosslinked: versão mais atualizada do plástico, apresenta uma durabilidade muito superior ao anterior, porém com um custo maior.

Dentre as opções acima, a cabeça de cerâmica com o liner de polietileno crosslinked é o par mais utilizado no mundo. Aqui no Brasil, devido ao alto custo, temos operadoras de saúde que barram seu uso, apesar de ser um par com uma durabilidade superior aos demais, exceto a cerâmica e cerâmica, mas que apresenta algumas restrições relacionadas a quebra e “barulhos” perceptíveis aos portadores.

NACIONAIS OU IMPORTADA:

Nesse caso, infelizmente não tem muito o que discorrer. A indústria de prótese nacional tem crescido muito nos últimos anos, com alguns modelos de implantes mais atualizados, com desenhos parecidos de modelos consagrados internacionalmente. Porém, ainda faltam detalhes e opções, e, claro, tempo de vida. Quando falamos de alguns implantes importados temos décadas de estudo de durabilidade do mesmo, algo inexistente em um implante com poucos anos de vida. Nesse quesito o material importado é superior.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Acima de tudo, de nada vale uma prótese de excelente qualidade nas mãos de um cirurgião com pouca experiência, ou que não seja especialista na área. Para se extrair a melhor durabilidade de uma prótese, devemos implantá-la no lugar ideal. Para isso, necessita-se de técnica, conhecimento de anatomia e treinamento.

Há anos eu venho treinando e me aprimorando, com cursos tanto no Brasil como no exterior, buscando a excelência nesse tipo de cirurgia.

Algumas marcas de excelente qualidade, as quais venho trabalhado nos últimos anos.

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